domingo, 23 de setembro de 2012

Grandes Altitudes



Conheça os efeitos causados no 



organismo pelas grandes altitudes


Especialista dá dicas de como minimizar os prejuízos para o corpo humano

Para quem visita locais de grandes altitudes, os sintomas sentidos devido à presença de pouco oxigênio (O²) e da baixa pressão atmosférica podem ir muito além da dificuldade em respirar. Nesse tipo de situação, o organismo de uma pessoa passa por algumas mudanças, culminando em efeitos que podem ser perigosos em vários de seus sistemas, desde o cardiovascular até o musculoesquelético, incluindo o endócrino, o nervoso e o imunológico. Em casos mais graves, até o cérebro fica comprometido. É a chamada doença aguda da montanha.
A partir de dois mil metros acima do nível do mar, o corpo humano começa a tentar responder à quebra da homeostase (processo que mantém o equilíbrio fisiológico) resultante da hipóxia, estado em que há baixo teor de oxigênio nos tecidos orgânicos. Dessa maneira, começam a surgir os primeiros reflexos negativos das grandes altitudes no organismo.
Marco Tulio (Foto: Divulgação)Marco Tulio, do Departamento de Psicobiologia
da Unifesp (Foto: Divulgação)
“Inicialmente, uma pessoa pode sentir os sinais da doença aguda da montanha, incluindo cefaleia, perda de apetite, náuseas, vômitos, fadiga muscular, insônia, taquicardia e discreta hipertensão arterial. Além disso, há desconforto pulmonar, com a falta de ar, e as vertigens, semelhantes às relatadas em ataques de pânico, ou de ansiedade severa. Esses sinais e sintomas se manifestam, geralmente, de seis a 48 horas após o início da exposição à hipóxia”, explica o professor Marco Túlio, do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ele explica que além dos sintomas da doença aguda da montanha, outras alterações no organismo podem ser desencadeadas em altitudes ainda mais elevadas, abrangendo o surgimento de problemas clínicos ainda mais importantes como, por exemplo, os edemas cerebrais, pulmonares e generalizados, além de hemorragias ocorridas nas retinas. Ao nível do mar, a quantidade de oxigênio na atmosfera é de 21%, sendo que se uma pessoa ficar exposta a um ambiente com 17% de O², ela começará a sentir os efeitos no organismo. Marco Túlio destaca que, segundo alguns estudos, acima de seis mil metros de altitude as quantidades de O² na atmosfera é de apenas 10%, promovendo risco grave à saúde.
O professor destaca outros pontos prejudicados pelas grandes na altitude, como a piora nas funções cognitivas e no estado de humor, incluindo déficit da atenção e piora nos processos decisórios, nas funções executivas, na memória, entre outros aspectos. “Além disso, ocorre o aumento do sentimento de raiva, dos sintomas de depressão, da fadiga e da redução do vigor. O sono também é outro aspecto muito importante prejudicado pela altitude”, aponta Marco Túlio.
Como proceder na prática de esportes de grandes altitudes?
Como explicou o professor, o efeito das grandes altitudes pode desencadear uma complexa cascata de modificações fisiológicas no organismo humano, uma vez que na montanha não é possível controlar outras variáveis, como frio, calor, alimentação e consumo de água, por exemplo. “Em uma altitude extrema, como acima de oito mil metros, pode ocorrer hipotermia por causa do frio, levando à morte súbita, que está intimamente associada aos edemas cerebrais devido à diminuição de O² arterial”, alerta.
Dentre as estratégias para minimizar os prejuízos à saúde, o professor destaca algumas, como a necessidade de exposição gradual às grandes altitudes para que o corpo se adapte às mudanças. Marco Túlio lembra que a pessoa pode fazer uso também de suprimentos que contenham vitaminas C e E, além do consumo de L-carnitina (nutriente sintetizado a partir de aminoácidos) e de oligoelementos, como zinco e antioxidantes.
“Esses nutrientes, incluindo hidratação constante, atuam na minimização dos efeitos agudos e crônicos causados pela altitude. Portanto, deve ficar claro que tais estratégias não devem ser utilizadas única e exclusivamente como fator de proteção, lembrando que, mesmo assim, o organismo humano pode sofrer variações importantes diante de condições extremas. Com base nos estudos atuais, tudo leva a crer que os carboidratos também apresentam um papel importante como combustível para o nosso corpo em grandes altitudes, uma vez que se perde muita energia em função do estresse gerado”, ressalta o professor.

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